Friday, December 24, 2010

Como era?

Diferente de tudo era antes
Era este o maior dos dias
As carnes, os risos as casas vazias
Pois noutras
Todo mundo se reunia
Reunia pra comemorar
Reunia, comia
Diferente de tudo era antes
Era a data mais esperada
Hoje é desesperada
Desesperada "pra" só comprar
Desesperada ao ponto de irritar
Diferente de tudo era antes
Antes de chegar estes dias
Dias de casa com "só" eu
Casa vazia
Casa vadia
Com cama desarrumada
Comida?
Tem nada
É só isso
Diferente de tudo era antes,
Hoje... é só mais um dia.


Beijo na testa

Wednesday, November 17, 2010

Verso e só

Estou exausto
De ter que fazer tudo em dobro
De forçar as palavras
De não ter o encanto



Beijo na testa...

Tuesday, November 16, 2010

Escada para o céu

Problemas

Problema de olhar
Problema de contar
Problema de decidir
Problema de resolver
Problema de entender
Problema de relacionar
Problema de não saber cantar
Problema de não ter onde morar
Problema de não poder trabalhar
Problema de ter medo e não enfrentar
Problema de ter vontade e não declarar
Problema de alguém a minha cadeira roubar
Problema de ter raiva e querer muito chorar
Problema de acordar de manhã e por não ter lugar brigar
Problema de ir dormir e sonhar tudo que quer mas depois acordar




Beijo na testa


Thursday, July 22, 2010

Quem me responde?

Para que é necessária?
Útil pra que?
A quem?
Não se entende
Tampouco se enxerga
Apenas se mede
Se sente
A Tristeza...

Saturday, July 17, 2010

Poetinha

Poetinha
Ja tentou ler Camões...
Experimentou Quintana,
E diz que gosta de Drummond...
Poetinha, Poetinha
De cabeça raspada
Tua mão...
Sempre pra trás...
Chegando atrasada,
O que fizeste poetinha?
Para estar plantado ai
Com o brilho apagado
Versando e me perguntando
O que é um terceto? Rima Branca ou Rica?
Te digo Poetinha....
Te digo que pra escrever de verdade
Nada disso espanta
Se colocardes
Toda essa humanidade
Que a partir do Teu erro
Te tiram sem piedade.


Beijo na testa.

Thursday, July 15, 2010

Incompleto....

Como escrever algo que se sente
Se sentimento é abstrato
Não tem forma e nem tem cor...
Por isso não se descreve
Nem ódio...
Tanto mais o Amor...
Ah! Mas ai dirá
Dói no peito ou arde a alma
Deixa a face avermelhada
Mas isso não é explicação
É só um breve sintoma
O final da excitação
Se alguém te perguntar
Se é possível entender
Diga brevemente Não!
Pois não há tempo a perder

(E dai... eu fiquei cinco minutos a tentar...)

Mas não saiu nada...para o verso abaixo completar

"Como o mais belo cheiro
Que está perdido no ar...
Aproveite, ame ou odeie"
Só sei que incompleto... é a primeira maneira de desejar...



Beijo na testa


Wednesday, April 07, 2010

Acendam suas luzes

Agora...

Todos os pecadores
Acendam as luzes

Acendam as luzes

Agora...

Todos os amantes

Acendam as luzes

Agora

Todos os assasinos

Acendam as luzes

Ei ! agora!

Todas as crianças

Deixem as luzes acesas!

Pois há um monstro,

Vivendo embaixo da minha cama
Respirando no meu ouvido...

E um anjo

Com a Mão na minha cabeça
Dizendo que não tenho nada a temer

E a escuridão

Deixa minha alma perdida

Continuo procurando um propósito de ser

E a luz acesa,

É o que me mostra tudo

Agora...

Todos os pecadores
Acendam as luzes

Acendam as luzes

Agora...

Todos os amantes

Acendam as luzes

Agora

Todos os assasinos

Acendam as luzes

Ei ! agora!

Todas as crianças

Deixem as luzes acesas!

Deixe a luz entrar
Deus deixe a luz entrar

Pois eu não posso perder a paciência...



Beijo na testa

Friday, January 22, 2010

Mão e Contra-Mão

São duas estórias...

A do Paulo e a do Vinicius.


Os dois moram no Jd. do Príncipe, bairro pobre que vive aparecendo nos jornais em época de chuva, por que sempre alaga. O Paulo, é aquele típico brasileiro que não desiste nunca, começou a vida vendendo caldo de cana, com um carrinho que o pai dele bancou, depois arrumou um curso de office boy, arrumou um emprego, estava até indo bem, mas é um pouco temperamental sabe? Não deu muito tempo lá dentro foi mandado embora, com o dinheiro que recebeu, comprou uma barraquinha, negociou um ponto e lá foi ele trabalhar no centro da cidade como camelô no centro da cidade. O Vinicius é diferente, desde pequeno adorava quando a qualquer momento do dia, ouvia de longe as sirenes das viaturas de polícia, ia correndo pro portão de casa para saber se naquele dia o "camburão" tava no encalço de algum malandro de verdade, ou era desculpa pra furar o trânsito, que quase sempre se acumulava na via principal perto da casa dele. Com sorte, de vez em quando o "Vini" até ouvia uma troca de tiros, adorava quando o bairro dele, a RUA DELE, aparecia no jornal polícial, não interessava que era só pra contar que mais uma vez aquela região era vítima da violência... Não deu outra, Vinicius cresceu, o talento que com ele nasceu, apareceu, e ele é claro policial se tornou.

Paulo e Vinicius eram vizinhos.

Todo santo dia saiam de casa bem cedo, um (o Paulo) de bermuda e a primeira camiseta que vira na gaveta, entrava no passat enferrujado e ia pro "centro" trabalhar, o outro (o Vinicius) saia de barba feita, bota engraxada e farda passada, se encaminhava pro ponto, onde logo embarcaria de graça no onibus que passa na porta do seu Batalhão.

O Paulo chegando na barraca (que está devidamente presa a um poste da rua principal com uma corrente bem grossa) começa a arrumar o palco para suas ofertas, vende umas mochilas bem grotescas vindas da china, com personagens de todos os tipos, desde o monstrinho verde, até aquele grupo de meninas com saias bem curtas e gravatas executivas.

O Vinicius, tem que se apresentar todo dia as 8:13 na formação é o horário certo para trocar o comando, se apresentar ao sargento e formar a patrulha junto com os outros soldados. Hoje, é dia de missão, ficou sabendo de ordem do governador, que vai ter operação especial da prefeitura e que a confusão vai começar logo, o negócio dele e dos outros soldados do batalhão? Contenção de tumultos...

"Hoje é dia de pegar firme hein!" - Brinca um colega do Vinicius...

Ele responde "Vai ser legal demais! hoje é dia de derrubar no minimo uns cinco!"

E logo se postam, motorista e os demais embarcando na viatura... vamos embora!


E o Paulo?

Bom, o Camelô tava lá com as suas mochilinhas, de repente, ele já até sabe o que está acontecendo, se tem colega correndo na direção contrária ao fluxo é por que tem "homi" tirando agindo na má fé e "tomando" o ganha pão deles. Porém hoje, hoje ia ser diferente, os ambulantes não aguentavam mais, ja tinham combinado "ná próxima vez a gente enfrenta eles até o ultimo ser preso ou derrubado (ou os dois, que seja...)

Se organizaram e foram pro embate. Cantos de briga, palavrões, pedaços de pau e pedras voando. Deste momento até uma hora depois tudo ja estava se ajeitando, várias barracas quebradas, a do Paulo, toda acabada, sem mercadoria, e com a lona furada.
Mas é um risco, trabalhar na "informal" é um risco calculado e eles tem sempre uma reserva pra continuar a trabalhar na manhã seguinte, essa história de "perdi tudo" é sempre um papo legal para ser o entrevistado da vez, pela reporter bonita do jornal do meio dia. Ah... o Paulo hoje também, tomou um soco no olho... no meio da confusão, do embate com os fiscais, tomou a porrada, na hora nem sentiu, mas agora até que ta doendo viu?

O Vinicius já tava sentindo o sangue esquentar, quando chegou no "setor 1" e viu os vagabundos parecendo gladiadores no coliseu. Era uma gritaria, gente correndo, gente ficando e eles, descendo da viatura, de escudo e "borracha" na mão, batiam naquela melodia assustadora, no compasso da marcha unica daqueles quarenta. Borrachada, cotovelada, apito e gás de tirar lágrima, dali a pouco, ja tava tudo resolvido, azar de verdade hoje? só o Vinicius, que tomou uma pedrada e mesmo com o capacete, ficou meio atordoado na hora, foi levado rapidinho pro hospital, exame aqui, exame lá... tudo bem, volta pra casa e descança soldado!


Dai, que no final do dia, mochilas e missões a parte, cada um volta pra sua casa...

O Paulo de passat enferrujado
O Vinicius de cabeça enfaixada, entregue na porta de casa por uma viatura.

Eles dois são até amigos sabe, de vez em quando formam dupla no dominó la no bar da esquina.

Vale uma Skol...

"Boa noite Soldado! bateu com a cabeça em algum safado?" Soltou o Paulo
"Pois é! acho que algum safado é que bateu com uma pedra nesta cabeça dura... E este olho? "Emendou o Vinicius

Ah! não é nada! trabalhar na rua tem dessas, de vez em quando sempre outra pessoa quer levar seu produto por um preço menor... quando não é como hoje... que levam de graça! Boa noite! - E foi embora o camelô pra dentro de casa. Não via a hora de fazer uma compressa no olho inchado.

O Soldado também entrou, só queria sua cama hoje.


E os dois, nessas duas estórias tão diferentes.

Só queriam um dia compreender, como seria a vida do vizinho...



Tem hora que tudo é tão parecido né?



Beijo na testa... boa noite para os trabalhadores.