Thursday, April 02, 2020

Doisdeabrildedoismilevinte

De repente o  mundo parou

Parou mas as pessoas dizem que estão trabalhando mais. Sinto até que estão um pouco mais pacientes umas com as outras. As percepções parecem estar mais aguçadas para as necessidades reais, nos preocupamos em cuidar da nossa saúde, nos preocupamos em perguntar se alguém mais velho precisa de ajuda.

Estamos lembrando um do outro, pensando "estou sentindo falta de ver pessoas, de estar no meio, de poder tocar..."

Ainda no rádio, nos textos, nas telas, se fala muito disso, se fala nas ações, se fala na curva, em achatar a curva, em como usar máscaras, em como não usar as máscaras, em como conservar a máscara, em como costurar sua própria máscara!

Também tem gente que aproveita de uma forma boa, trabalha entregando, vai de lá para cá, nunca circulou tanto, nunca foi tão necessário e respeitado, é um bom exemplo para perceber como todos merecem o devido respeito.
Mas tem gente que aproveita da maneira errada, faz o álcool gel ficar mais caro, inflaciona o serviço, se aproveita no momento que tinha que ajudar.

A gente não sabe quando vai acabar, as vezes contempla a força da Natureza nos sussurrando: "Hey, ta vendo? Eu posso parar você, você e você..." E é o que estamos fazendo, alguns poucos, delirantes da insanidade, esperneiam, se fizer um esforço, talvez dê para entender uma razão ou outra, de fato da medo do que virá, mas o que está já também não é amedrontador?

Tenho 35, espero ter 36 e até bastante mais, nunca vi nada assim, uma força tão silenciosa, tão invisível que fez todo mundo enxergar a vida de maneira diferente. Dar outro significado ao trabalho, encontrar outra forma de produzir, inovar na forma de se comunicar, aprender, criar, conversar, refletir, chorar(e)rir. Escrever, dançar, cantar, buscar entender o que vai vir, o que vai ir o que vai ficar.

O que dá para saber? Bom não dá.

Só dá para perguntar, se de fato o que disso tudo a gente vai aprender de verdade, aquilo que vai nos marcar, para que assim não repitamos muitos dos erros individuais, que tornam o nosso coletivo tão doente de outras coisas.

Que saiamos curados disso tudo, que nosso planeta depois dessa lição, seja bondoso, nos perdoe mas que permaneça vigilante, esse tempo isolado é um bom recado daquilo que Ele é capaz.


Beijo na testa

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